domingo, 28 de agosto de 2016

A longa e dura espera (onibus em Itanhaém).

Ta. Ela reclamou, reclamou mas veio pra Itanhaém, fomos sair, desta vez de ônibus. O carro estava quebrado. Poderíamos ir a pé, dava só uns quarenta minutos ate a praia, mas preferi o ônibus pra ela ver o menos possível a paisagem deste "lindo" bairro. Fomos pra esquina da antiga padaria do Geraldo e só no meio do caminho lembrei da recomendação da mãe lá bem no começo de nosso namoro, "não ande com ela pelo oásis, evite ao máximo andar com ela por aqui, meu filho,  senão você perde sua namorada". Me recriminei por minha falta de cuidado e de memória. Quando chegamos no ponto, ela já tinha colhido as impressões. Percebeu que este lugar parecia com a favela do Para Pedro no Rio, lugar horrível, e que o amor é complicado pois de tao apaixonada  ela não percebera antes que eu não morava numa comunidade, morava numa favela mesmo.  E eu no ponto torcendo pro ônibus chegar logo. Mas nada,  ele demorou... Aqui os ônibus não cumprem os horários quase nunca e nas temporadas e nos fins de semana piora. Alem de com sorte passarem de hora em hora, o que ja é um absurdo, ainda tem os engarrafamentos pra ajudar. Demorou uns 70 minutos  enquanto ela comentava que na terra dela tem um ônibus atrás do outro. Que não se perde tempo no ponto, que isso, que aquilo... E eu vendo estrelinhas... O ônibus veio, vazio,  como sempre. Acho que as pessoas desistem de esperar e tentam outras soluções.  Embarcam naquele ônibus velho, barulhento, empoeirado e sujo e fomos pra cidade. Ela estranhou.. O ônibus não tinha ar condicionado... Dois era.. Mas alívio.. Parecia que eu estava saindo de  inferno.
Graças a Deus tinha aquela lanchonetezinha chique na rua da prefeitura pra ela tomar café. Lá eles servem uns salgadinhos folheados que ela adora, combinando com aquele capuccino mega estiloso fica show. Se acalmou, depois de mais um doce na outra lanchonete e muitas fotos, o ambiente estava melhorando. Fomos a praia.. Mais fotos. O quiosque preferido com cerveja boa e gelada, camarão acebolado..hummm,  o quiosque moai, muito bom. A seleção de músicas que ele tocam ali é maravilhosa... Black, reggae e boa MPB. Delicia. Fotos no mar, aquela foto tão tentada saiu, a foto jogando agua pra cima. Uma bicicleta bonita na areia... Mais belas fotos. O pôr do sol maravilhoso. Tudo muito bom. Passou o stress... Hora de ir embora, felizes mas de volta ao ponto de ônibus, agora por volta de sete e meia da noite. Ficamos no ponto perto do fórum, em frente ao mercado. Deu oito horas o ônibus não passou, deu oito e meia e nada, nove e pouco... Ele foi passar. Conseguiu estragar tudo. Foi o tempo para comprar e beber um litro todo de coca cola, de ouvir e ouvir e ouvir falar mal da cidade por causa do transporte. Para aguentar tive que sair de perto dela e sentar longe. Quando chegamos em casa, parecia que não tínhamos feito nada. Toda  a calma e tranquilidade conquistados na praia tinha ido por agua abaixo. Ainda bem que chegamos bem de noite. A noite todos os gatos são pardos e ela não reparou mais nos detalhes do bairro.  Pois é. Será que ela tem razão? Tem sim. Ficar uma hora e quarenta num ponto esperando ônibus não é nada agradável, sem contar a ida. Imagine as pessoas que dependem deste transporte cotidianamente? Se fosse episódico isso... Mas não é. Se tudo funcionar direito os ônibus passam de meia em meia hora, o que já é muito pra esperar. Os horarios de trabalho tem que ae ajustar a isso. É um tal de sair dez minutos mais cedo porque se perder o das 5 só Deus  sabe quando passa outro. Mas como disse antes, só durante a semana e de dia que se tem essa precaria referência, porque a noite e fins de semana é completamente aleatório. Pegar um onibus é questão de sorte. Uma completa falta de responsabilidade tanto com o morador como com o turista.
Hoje me pergunto porque as pessoas aceitam, não se indignam com isso, a acho que é porque é como a perda da visão. A medida que piora a gente vai forçando os olhos e se adaptando. Achando normal. Ate a cegueira completa. Por isso as criticas dos de fora as vezes tem mais sentido que as nossas. Estamos na caverna. Quem vem de fora sabe que lá fora tem luz. E quero luz na nossa caverna. Esse transporte tem que melhorar. Tem que ter mais e melhores ônibus, pode ter  vlt tambem, porque nao? Tem uma ferrovia desativada que atravessa o municipio todo! Tem que ter progresso aqui também. A elite estamental daqui sugere que tudo ta bom assim e que quem não gostar que se mude. Não, não ta bom, não vou me mudar por pressao e nem me calar. E essa cidade que tem que melhorar tanto para seus moradores quanto para os veranistas e turistas. 
Sugiro a todos, nessas vésperas de eleição, que perguntem a seus candidatos como pretendem melhorar o transporte do município. Quem gaguejar, já viu. Não quer problemas, apenas o salário. Fuja...

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

O lugarzinho pitoresco II

Logo que cheguei aqui, a uns 20 anos atrás, minha mae perguntou: você vai morar aqui?  eu disse que sim. Ai ela falou, mas aqui com voz baixa e meio triste, mas aqui é uma favela filho... Naquela época eu não entendia o que ela quis dizer com aquilo e nem porquê tanta tristeza. Hoje entendo. E ela tinha razão. Mas eu precisava tanto de um lugar pra morar, pra chamar de meu, que qualquer um serviria. Até então eu era incapaz, como o fui durante muito tempo, de olhar a verdade desse lugar, de compara-lo com outros lugares. Sua função de abrigo cumpria? Então era o melhor lugar do mundo. Mas, a dialética não falha. E a contradição apareceu, na forma de outros olhares, das mulheres que passaram por minha vida, em especial do meu grande amor, a Fernanda. Pouco a pouco meu lugar comum foi sendo questionado...sempre mais, sempre profundamente, ate eu acordar do torpor sair da caverna. Jardim Oasis.
Se tu pegar um carro e vir Zanzando de Florianópolis até aqui, vai passar por muito mato e lugares estranhos. Mas ao entrar no jardim oásis perceberá que ele é o mais feio.
Se fizer o caminho do Rio, saindo do Irajá,  até aqui, também. Como, porquê?
E até dentro da cidade, dificil achar um lugar tão estranho como o jardim oásis.
O fato é que o bairro é novo, casas por terminar, feitas sem qualquer padrão construtivo. Faltam cores, faltam verde, faltam muros, sobram poeira e sujeira pelas ruas. Calçadas irregulares, poças de água pelas ruas.. Realmente uma favela. Mas caracterizar não resolve nada. Resolve apontar os problemas que possam transformar esse bairro e essa cidade. Dota-la de qualidade de vida ao invés de apenas condições de sobrevivência.

O lugarzinho pitoresco 1

A galera daqui sempre reclama que falo muito do Rio de Janeiro e só do Rio, que não falo quase nada de Itanhaém. Pois bem, falo pouco daqui sim e tenho razões pra isso e vou explicar as razões. Ta passando da hora já mas  vou adiantando, principalmente para os leitores daqui,  que não sou alienado e que falo pouco daqui pra poupar as pessoas que amo, por ter um afeto muito grande pela cidade, pois falar daqui, quase sempre, desemboca em problemas. Os próximos textos vão mostrar porque isso. Tenho evitado mas tá na hora. Estou noivo de uma carioca, e ela vinha sempre pra cá. Estamos vivendo num cabo de guerra, ela puxando pra lá e eu pra cá. Nesse puxa puxa, tento proteger e ressaltar ao máximo os aspectos positivos de Itanhaém na esperança de convence-la a mudar pra cá. Mas de tanto apanhar nas comparações to desistindo disso. Não vou conseguir não. Em quase todos os aspectos tenho perdido no cabo de guerra.
Comparar Rio de Janeiro com Itanhaém pra mim sempre pareceu covardia. A monumentalidade da cidade do Rio em todos os aspectos contrastam com Itanhaém. Mas tem aspectos positivos aqui e negativos lá que poderiam facilitar fortalecer meu lado da corda. A tranqüilidade e a paz de Itanhaém assim como a balneabilidade maravilhosa de suas praias eram fortes apoios até uns dias atrás quando até esse consenso fácil foi abalado pela análise fria dos números desapaixonados. Falar muito do Rio entao têm sido há tempos uma forma de fugir daqui, de evitar o confronto direto.  É como um pequeno animal acuado que fica quietinho diante  predador voraz para não ser notado. Nao deveria ter pena  de fazer a comparação pois Itanhaém tem mais idade que o RJ, e ja foi até a principal cidade do Brasil. Mas hoje no século 21, quanta diferença. Mas a titulo de introdução, fica a afirmação da ....a, num de seus lampejos de conhecimento: 'Itanhaém é como uma curva de rio, tudo quanto é tranqueira para ali... "Ela explicava assim a razão porque difícilmente quem mora em Itanhaém não sai daqui. Ela acha que só tranqueira fica aqui que quem está aqui é porque não tem capacidade pra conseguir viver em outro lugar. Está por condição, porque se pudesse escolher... Será? Eu avisei..e isso é só o começo...

domingo, 21 de agosto de 2016

Biscoito ou bolacha

A guerra

O exército e a olimpíada.

A entrevista do jornal nacional com um general baixinho, quase chorando, me chamou atenção.
Vocês sabiam que o exército mantém um programa pra capacitação superior de atletas? Eles escolhem o atleta, mas dizem que ele entra por concurso, do mundo civil mesmo, levam ele prum curso de uns 45 dias donde o atleta  vira sargento e sai de lá com um salário de 3000 reais por mês pra servir a pátria praticando esporte. Muitos dos atletas medalhistas saíram dessa fabriquinha. Que vcs acham disso?

sábado, 20 de agosto de 2016

E agora?

Essa olimpíada talvez seja a última grande obra do governo lula a ser apresentada. Mas a pergunta que não quer calar, como era o Rio antes da copa e da olimpíada e o que será dele agora, depois dos jogos... Os jogos paraolímpicos já tem tom de ressaca, de fim de festa. O governo federal já se mostra reticente em continuar injetando dinheiro no Rio. Os cariocas parece que vão sentir forte a derrocada do governo PT.
E agora?
De rolê por lá notei que a cidade respira samba e carnaval. Essa parece ter sido a tônica sempre da cidade. Mesmo sendo la a sede da Petrobras, da Vale do rio Doce, Da globo, de autarquias federais importantes, desde militares até empresas estatais.
Seriam suficientes essas empresas pra manterem sadia a economia da segunda maior cidade do Brasil? Do segundo maior agrupamento populacional do país?
Tomei contato com o Rio a menos de três anos. Em minhas recordações anteriores o Rio só aparecia no carnaval e já era. Lembro que uma vez imaginei o que seria do RJ se São Paulo começasse a fazer um carnaval melhor que o do Rio, talvez virasse um nada. Isso foi antes de desembarcar lá e ser enfeitiçado pela cidade. Hoje o temor de estar certo antes me incomoda. O Eduardo Paes falava isso antes das olimpíadas. O problema não são os jogos. O problema vai ser depois... O cara é bom. É visionário. Conversando com os jovens de lá, os que pensam em futuro só falam em virar militares ou trabalhar na Petrobras. Será que tem espaço pra todos nesses nichos? Do jeito que falam parece que sim, diferente daqui, SP. Mas parece.  Lembrei de Niterói. É outro esquema lá, com estaleiros e uma forte indústria naval a economia do município se mantém equilibrada. Tem mais estabilidade que a cidade do Rio e um orgulhoso prefeito que era militante estudantil. Niterói é mais pé no chão que o Rio de Janeiro. Mas ali do ladinho tem São Gonçalo, cujos índices de violência são iguais aos da cidade do Rio ou até piores, e aí que tudo fica muito assustador para o futuro. Que política de segurança será adotada agora? Com que mote e com qual verba? Tentaram as  upps  para criar condições para a copa do mundo e a olimpíada mas antes mesmo dos jogos acontecerem já se percebia o fracasso do projeto. As histórias da Vila do João mostram que o estado ainda não existe na maior favela do Rio. Se com toda essa agitação pregressa, com todo o apoio logístico e financeiro das três esferas da federação o estado não conseguiu a paz ali, que esperar do futuro? Agora sem apoio do lula, sem nenhum grande espetáculo a promover? Tendo que olhar no espelho e se cuidar..