Ta. Ela reclamou, reclamou mas veio pra Itanhaém, fomos sair, desta vez de ônibus. O carro estava quebrado. Poderíamos ir a pé, dava só uns quarenta minutos ate a praia, mas preferi o ônibus pra ela ver o menos possível a paisagem deste "lindo" bairro. Fomos pra esquina da antiga padaria do Geraldo e só no meio do caminho lembrei da recomendação da mãe lá bem no começo de nosso namoro, "não ande com ela pelo oásis, evite ao máximo andar com ela por aqui, meu filho, senão você perde sua namorada". Me recriminei por minha falta de cuidado e de memória. Quando chegamos no ponto, ela já tinha colhido as impressões. Percebeu que este lugar parecia com a favela do Para Pedro no Rio, lugar horrível, e que o amor é complicado pois de tao apaixonada ela não percebera antes que eu não morava numa comunidade, morava numa favela mesmo. E eu no ponto torcendo pro ônibus chegar logo. Mas nada, ele demorou... Aqui os ônibus não cumprem os horários quase nunca e nas temporadas e nos fins de semana piora. Alem de com sorte passarem de hora em hora, o que ja é um absurdo, ainda tem os engarrafamentos pra ajudar. Demorou uns 70 minutos enquanto ela comentava que na terra dela tem um ônibus atrás do outro. Que não se perde tempo no ponto, que isso, que aquilo... E eu vendo estrelinhas... O ônibus veio, vazio, como sempre. Acho que as pessoas desistem de esperar e tentam outras soluções. Embarcam naquele ônibus velho, barulhento, empoeirado e sujo e fomos pra cidade. Ela estranhou.. O ônibus não tinha ar condicionado... Dois era.. Mas alívio.. Parecia que eu estava saindo de inferno.
Graças a Deus tinha aquela lanchonetezinha chique na rua da prefeitura pra ela tomar café. Lá eles servem uns salgadinhos folheados que ela adora, combinando com aquele capuccino mega estiloso fica show. Se acalmou, depois de mais um doce na outra lanchonete e muitas fotos, o ambiente estava melhorando. Fomos a praia.. Mais fotos. O quiosque preferido com cerveja boa e gelada, camarão acebolado..hummm, o quiosque moai, muito bom. A seleção de músicas que ele tocam ali é maravilhosa... Black, reggae e boa MPB. Delicia. Fotos no mar, aquela foto tão tentada saiu, a foto jogando agua pra cima. Uma bicicleta bonita na areia... Mais belas fotos. O pôr do sol maravilhoso. Tudo muito bom. Passou o stress... Hora de ir embora, felizes mas de volta ao ponto de ônibus, agora por volta de sete e meia da noite. Ficamos no ponto perto do fórum, em frente ao mercado. Deu oito horas o ônibus não passou, deu oito e meia e nada, nove e pouco... Ele foi passar. Conseguiu estragar tudo. Foi o tempo para comprar e beber um litro todo de coca cola, de ouvir e ouvir e ouvir falar mal da cidade por causa do transporte. Para aguentar tive que sair de perto dela e sentar longe. Quando chegamos em casa, parecia que não tínhamos feito nada. Toda a calma e tranquilidade conquistados na praia tinha ido por agua abaixo. Ainda bem que chegamos bem de noite. A noite todos os gatos são pardos e ela não reparou mais nos detalhes do bairro. Pois é. Será que ela tem razão? Tem sim. Ficar uma hora e quarenta num ponto esperando ônibus não é nada agradável, sem contar a ida. Imagine as pessoas que dependem deste transporte cotidianamente? Se fosse episódico isso... Mas não é. Se tudo funcionar direito os ônibus passam de meia em meia hora, o que já é muito pra esperar. Os horarios de trabalho tem que ae ajustar a isso. É um tal de sair dez minutos mais cedo porque se perder o das 5 só Deus sabe quando passa outro. Mas como disse antes, só durante a semana e de dia que se tem essa precaria referência, porque a noite e fins de semana é completamente aleatório. Pegar um onibus é questão de sorte. Uma completa falta de responsabilidade tanto com o morador como com o turista.
Hoje me pergunto porque as pessoas aceitam, não se indignam com isso, a acho que é porque é como a perda da visão. A medida que piora a gente vai forçando os olhos e se adaptando. Achando normal. Ate a cegueira completa. Por isso as criticas dos de fora as vezes tem mais sentido que as nossas. Estamos na caverna. Quem vem de fora sabe que lá fora tem luz. E quero luz na nossa caverna. Esse transporte tem que melhorar. Tem que ter mais e melhores ônibus, pode ter vlt tambem, porque nao? Tem uma ferrovia desativada que atravessa o municipio todo! Tem que ter progresso aqui também. A elite estamental daqui sugere que tudo ta bom assim e que quem não gostar que se mude. Não, não ta bom, não vou me mudar por pressao e nem me calar. E essa cidade que tem que melhorar tanto para seus moradores quanto para os veranistas e turistas.
Sugiro a todos, nessas vésperas de eleição, que perguntem a seus candidatos como pretendem melhorar o transporte do município. Quem gaguejar, já viu. Não quer problemas, apenas o salário. Fuja...
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domingo, 28 de agosto de 2016
A longa e dura espera (onibus em Itanhaém).
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