Logo que cheguei aqui, a uns 20 anos atrás, minha mae perguntou: você vai morar aqui? eu disse que sim. Ai ela falou, mas aqui com voz baixa e meio triste, mas aqui é uma favela filho... Naquela época eu não entendia o que ela quis dizer com aquilo e nem porquê tanta tristeza. Hoje entendo. E ela tinha razão. Mas eu precisava tanto de um lugar pra morar, pra chamar de meu, que qualquer um serviria. Até então eu era incapaz, como o fui durante muito tempo, de olhar a verdade desse lugar, de compara-lo com outros lugares. Sua função de abrigo cumpria? Então era o melhor lugar do mundo. Mas, a dialética não falha. E a contradição apareceu, na forma de outros olhares, das mulheres que passaram por minha vida, em especial do meu grande amor, a Fernanda. Pouco a pouco meu lugar comum foi sendo questionado...sempre mais, sempre profundamente, ate eu acordar do torpor sair da caverna. Jardim Oasis.
Se tu pegar um carro e vir Zanzando de Florianópolis até aqui, vai passar por muito mato e lugares estranhos. Mas ao entrar no jardim oásis perceberá que ele é o mais feio.
Se fizer o caminho do Rio, saindo do Irajá, até aqui, também. Como, porquê?
E até dentro da cidade, dificil achar um lugar tão estranho como o jardim oásis.
O fato é que o bairro é novo, casas por terminar, feitas sem qualquer padrão construtivo. Faltam cores, faltam verde, faltam muros, sobram poeira e sujeira pelas ruas. Calçadas irregulares, poças de água pelas ruas.. Realmente uma favela. Mas caracterizar não resolve nada. Resolve apontar os problemas que possam transformar esse bairro e essa cidade. Dota-la de qualidade de vida ao invés de apenas condições de sobrevivência.
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quinta-feira, 25 de agosto de 2016
O lugarzinho pitoresco II
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