Há muito tempo atrás, sinal de status para os nordestinos que migraram para o sul era possuir um relógio orient. Quantos não voltavam ostentando estes relógios aos seus lugares de origem? Aqui em SP, a medida em que esse costume começou a ser identificado com esses nordestinos os jovens e os preconceituosos logo alcunharam esse hábito como coisa de bahiano, brega etc. Outras marcas foram identificadas como fashion, como g shock, cassio, logicamente caríssimos e importados. Pouco acessíveis aos nordestinos. Mas o fato é que em sp, esse debate se esvaiu, pois o relógio perdeu significado de status quando apareceram os celulares e os próprios usuários parece, não sei porquê direito, diminuiram a importância deste acessório.
Mas no rio de janeiro não. O que para mim parecia um exagero, aqueles rolojoes imensos, dourados ou prateados, no rio é fashion. O carioca se sente nu sem um relogio. Caraca. Impressionante a importância que eles dão a esse acessório e olha que interessante, carioca tem por hábito se atrasar em tudo. Raramente cumprem horários. O relógio e verdadeiramente um ornamento.
Meu amor me obrigou a comprar alguns. Mesmo que baratos. Tem que compor o look. Um dia uma pessoa me perguntou as horas, e eu saquei o celular para informar, ai ela perguntou pelo relógio e eu com toda naturalidade do mundo
respondi: -é só um enfeite..
Isso tudo vale pra correntinha que la eles chamam de corda, pras pulseiras, pros anéis e para os brincos e até chapéus.
Saber compor um look com tudo isso é uma tortura em SP e um dom, uma rotina no RJ. De chinelao no pé, camiseta regata é ate perdoável. Mas sair de casa sem relógio e correntinha e cabelo produzido parece inaceitável aos cariocas.
Nas novelas da globo, reparem nas quinquilharias penduradas nos e nas cariocas. Não tem melhor lugar pra ver. O rio de janeiro é o quintalzinho da rede globo, parece um enorme estúdio dela e os cariocas seus principais personagens.
Mas em SP as coisas mudam. Se relógios, discretos. Quem quer ostentar estes artigos na maioria das vezes são artistas imitando estilos americanos ou... cariocas. Funk ostentação, essa idiotice parece que nasceu e evolui lá enquanto aqui evoluiu a outra vertente, o proibidao. Enquanto alternativo em sp é rap, no rio é pagode.
Inimaginável racionais mc num cenário como rio, apesar do elemento crítico das letras serem adequadas às duas metrópoles, Rio tem tudo a ver com claudinho e bochecha.
Mas voltando aos relógios, quando estudei a história de niteroi, percebi que até os anos sessenta do século passado, niteroi e o rio de janeiro eram os principais destinos dos imigrantes do norte. Rio era a capital federal e niteroi a capital do estado. A industrialização Paulista atraiu de início a imigrantes externos (italianos) e depois, com a mudança da capital pra Brasília, os nordestinos começaram a vir mais para SP. Mas ai já o fluxo imigratório era bem menor e assim o rio de janeiro concentrou a maior população negra e nordestina do sudeste.
Talvez dai esses costumes. Relógios, colares, pulseiras e anéis. A religiosidade africana e a bahianidade tão forte deles.
Caraca..expliquei..putz...
Que 10 mano. ...
Fuiiiii
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